domingo, 6 de setembro de 2015

Dia 24.

Aqui vai um texto que não tenho a certeza que vás ler por inteiro. Porque és perguiçoso. E porque já te sei. Aqui vai dezenas das milhares de certezas.
Hoje escrevo. Escrevo, porque não o faço à muito tempo. Escrevo, porque preciso. Escrevo para que saibas. Para que um dia eu saiba. Escrevo para lembrar. Para relembrar. Escrevo para que um dia eu possa ter a certeza. Sempre foste tu. És tu. Disso ainda tenho a certeza. Já lá vão uns pontos. Escrevo para que nós tenhamos a certeza de que não haverá nenhum ponto final. Repito-me para que seja sentido, porque o escrevo para que o vivas e revivas cada detalhe descrito. Cada situação, cada momento. Já passou um tempo desde que te conheci. Oito anos e seis meses. Seis é o meu número favorito. Engraçado. Um ano e meio que voltamos, depois de tantas vírgulas. Não quero que haja ponto para além dos que utilizo como pontuação de um texto. O texto. Escrevo para ti. Só para ti, porque não há quem se ame como nós. Não iam perceber.
Já lá vai o tempo. Já lá vai um tempo. Uns anos. Éramos crianças. Inocentes. Ingénuas, mas já tínhamos sonhos. Sonhos esses que até hoje ainda se mantêm. Crescemos juntos, aprendemos e convivemos coisas semelhantes, das quais partilhámos um com outro. Já lá vai o tempo. Do meu menino. Tinha 11 anos. Ia fazer 12. Usava crista. Com dentes pequeninos. Um pouco tortos. De olhos verdes. Mais baixo que eu, chegava-me ao nariz. Era ele, o meu menino. Quem diria que era o tal. E eu. De tótós. Nem eu sabia quem tu eras ainda. Já andavas atrás de mim à dois meses. E eu nem sabia quem eras. Metias-te comigo através dos teus amigos. Coisas de miúdos. Graças a eles conhecemos-nos. Até hoje, melhor que ninguém. Eram chatos. Se eram. Até que, finalmente, descobri quem eras. Comecei a gostar. A preocupar. Comecei a ficar nervosa, simplesmente de passar por alguém. Esse alguém eras tu. Comecei a sentir uma coisa que até então nunca tinha sentido em situação alguma: As "borboletas" na barriga. Aquilo era mesmo estranho, era como se fosse um aperto na barriga, juntamente com felicidade e com nervos, de não sei o quê...até hoje. E só o senti contigo. Porque raios é que eu me sentia assim em relação a alguém? Eras diferente. Ainda és. E eu gostava disso. Lembro-me de tudo: As mensagens. Os jogos de "conhecimento". Através de perguntas. Passávamos horas. A falar. Ás vezes a falar por falar. Outras a discutir. E na altura, essas discussões, alias, as únicas discussões que tínhamos, era ver quem ganhava em dizer que se amava mais. Acho que sempre fui boa a ganhar nisso. Se bem que até nisso eras teimoso. Bons tempos. Maior parte das conversas eram por texto. Mensagens. A altura das "1500 sms grátis semanais". Acho que chegámos a gastá-las. E quando não as tínhamos era o fim do mundo. Enfim. Crianças. O tempo em que estávamos juntos era maior parte do tempo calados. Em silêncio. Envergonhados. Ainda me lembro. O primeiro beijo. Ao pé do cacifo. Os amigos a juntarem-nos, atrás dos blocos. Todos à volta. No ciclo. As vezes em que, nos intervalos, passavas por mim e me tiravas a mochila. E corrias. Com a esperança de que fosse atrás de ti. E só me davas em troca de um "chôcho". Ou só para me fazeres rir. E fazias. Quando gozavas por usar óculos nas aulas. Quando ias às janelas, onde estava a ter aula. E eu adorava isso. Quando era o comboio. E me levavas à estação. Acho que não tínhamos problemas. Não tínhamos mesmo. E passou assim dois anos seguidos. Sentia-me matura, para a idade que tinha. E de facto tinha uma maturidade fora do normal, tal como tu. Ou podemos chamar-lhe simplesmente amor. Amor, porque olho para trás e lembro-me do quão sincero era. Puro. O primeiro amor. Eramos tão meninos. Ainda o somos. A primeira vez que te perdi. Chorei como antes nunca tinha chorado. Doeu pela primeira vez. E acredita, era bem pior do que abrir uma ferida no joelho. Nunca me tinha sentido assim. Triste. Desamparada. Magoada. Por nada. Nem nunca tinha chorado por ninguém. Por perder alguém. Foi uma sensação tão dolorosa. Custou mais das tantas vezes que se seguiram. Tantas. Tantas vezes que me deixaste. Que te deixei ir. Que me deixaste partir. Que nos deixamos. Houve vezes que nos iamos num dia e no dia a seguir a esse ja estavamos de volta. De volta um ao outro. E não há melhor sensaçao do que te ter de volta a mim. A onde vais sempre pertencer. Pertences-me. És meu. Desde sempre. Disso tenho a certeza. E isso é tão bom. Já passou o tempo das tardes em que passeavamos. Só porque sim. Em que iamos comprar kilos de gomas. Até nos fartarmos. E comiamos tudo. Do chocolate milka oreo. O nosso favorito. Às vezes compravas só para me picar. Do prédio. Da capela. Do carreiro. Das idas ao modelo. As tardes em tua casa. Os lanches. As brincadeiras. Quando usaste aparelho. As vezes que me roubavas as pastilhas. As noites a ver filmes. Cada um no seu canto. Por chamada. As tardes na sala a ver filmes. Quando cortaste o cabelo. Gostei tanto. Das fotos. Dos vídeos. Dos filmes que te fiz. Das indirectas no facebook, com a esperança de voltarmos a encontrar o caminho. O nosso caminho. O ask. As palavras. As boas. Os susurros. As menos boas. As que magoaram. E às vezes ainda magoam. As chamadas durante a noite e a madrugada. Até adormecermos. Só por companhia ou para ouvir a tua voz e tu a mim. As chamadas pelo skype. Era tão bom ver-te dormir quando não estavas ao meu lado. As coquinhas. Tantos detalhes. E apenas alguns. De tantos. Que só nós entendemos. As discussões. Os gritos. As palavras injustas que diziamos. O arrependimento. As lágrmas. Quando crescemos. Quando mudámos. O primeiro toque. O primeiro momento. Tão especial. Melhor do que sempre desejei. És mesmo o tal. Tão fantástico. Ainda que às vezes não queira demonstrar. Ainda que às vezes eu não demonstre que precise disso. De ti. Ai, se preciso! És tão meu, tão de mim. Tão parte de mim. Se és. E se sou. Todas as vezes. Já perdi a conta. Cada canto. Cada sítio. Cada lugar. Cada segredo partilhado. Cada desejo concretizado. Cada suor. Cada gemido. Cada palavra susurrada. Cada arrepio. Sentido. Com carinho. Nosso. Tudo se torna único e inesquecível quando é nosso. Quando somos só nós. Quando caimos no silêncio. E imagino. E sonho. O que sempre sonhei. Contigo. Num futuro. O nosso futuro. Nunca imaginei chegarmos até aqui. Quando durmo contigo. E acordo tão bem. Quando finjo que durmo para te amar. Para te observar. Oiço o teu respirar. De acordo com o meu. Fico-te a olhar por minutos. E a traçar com as mãos cada detalhe da tua cara. Que já sei de côr. Cada curva. Cada covinha. Todos os sinais. E em que sitio estão. Quanto te amo assim. Tão. Tão grande. Verdadeiro. Tão sincero. Sempre que penso, posso sentir. Porque é inexplicavel. Os nossos momentos. Amo-te. Não me canso de dizer. 
Conheço-te. Conheço tão bem. De côr. Cada expressão. Tic. Tom de voz. Expressão labial. Olhar.  Cheiro. Gargalhada e sorriso. Tão bem que me sabem. Quando queres alguma coisa e dás a volta para a teres e admiro-te quando lutas para a conseguir. Vai uma grande diferença entre ter e conseguir. E sei que sabes do que falo. O que queres. E não queres. Do quanto não sabes ser sério comigo. E é isso que nos torna loucos. Somos sérios com todos em volta. Quando se trata de mim. De ti. Simplesmente não dá. Somos loucas crianças. Passamos tanto tempo loucos a discutir, mas não há melhor loucura do que o nosso amor. Do que nos amarmos. O estarmos mal. E no segundo a seguir como se nada fosse. O não darmos importância, porque nos pertencemos. E isso é que importa. Obrigada por tudo e desculpa por nada. Pelo que não devia ser. Desculpa. Como sempre deculpamos. E caso um dia. Porque sim. Há sempre os "caso um dia". Os "mas". Caso um dia te fartes. Queiras desistir. Daquilo que nunca conseguimos. Queiras dizer adeus. Só te peço que sigas. Feliz. Mas nunca tentes apagar tudo isto. E o que não foi escrito. Porque há sempre um "mas" por contar. E há sempre um "porque" e um porquê. E porque eu nunca vou, nem quero esquecer. Mesmo que para isso, queiras seguir. Sem mim. Eu sigo sempre contigo. Por muito que custe. Espero que nunca a vida me tire isso. Por doença ou demência. Porque é contigo que tenho as melhores e piores memórias. És tu o único que me conhece. O melhor. Que sempre tentei dar-te. E o pior. Que fizeste com que o mostrasse. E até esse pior é bom sentir que o amas. Tal como eu a ti.
E é por isto. Por ser incompreensivel. Por ser inexplicavel. Que te amo. Que me amas. Vai ser sempre assim. Ainda que por vezes não mereçamos. Não há mais ninguém que te mereça como o meu amor te merece. Que me mereça como tu mereces. O melhor de tudo é um dia termos a nossa história para contar. E grande história. Amo-te infinitos.

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