quarta-feira, 26 de março de 2014

Aquele Momento

Ia decidida...Não sabia sequer se ia ser capaz de te olhar nos olhos, dizer-te o que te tinha para dizer.  O que eu devia dizer. Respirei fundo, fintei o nervosismo e o receio de me arrepender e acabei por te encarar. Pensava que ia perder a coragem, mas a verdade é que os nervos desapareceram, no momento em que te toquei no braço...Parei de tremer, senti que apenas tinha de te dizer e pronto...Tinha que conseguir. Enquanto caminhávamos pensei, para mim, que me ia embora, que não ia conseguir, mas aguentei-me firme e não dei parte fraca. Comecei a falar e aí, nesse momento, olhei-te nos olhos e apercebi-me do quão nervoso estavas e como te conheço tão bem, dei conta de que sabias o que eu te ia dizer. Respirei fundo e tentei olhar profundamente nos teus olhos: estavas irrequieto, comecei a sentir-me nervosa, tirei a mala que tinhas nas mãos e agarrei-te a mão, senti necessidade de te mostrar que eu estava ali contigo, pelo menos naquele momento, um último momento. Comecei a ter medo. Medo de te magoar com o que tinha para te dizer, medo de que não percebesses, de que reagisses mal; Quis acalmar-te e, engraçado que, acalmou-me também...Senti-te a apertares-me com uma enorme força os dedos e, ao mesmo tempo, os nossos olhos cruzavam-se e diziam mil e uma palavras sem sequer falares. Foi estranho. Comecei a falar, a falar para uma pessoa, que para mim, era outra pessoa, por isso, fui fria, disse tudo o que sentia ou que devia sentir...Sem nunca olhar-te nos olhos. Disse-te que tinha tomado uma decisão e tomei. Pus fim a sete anos. Sentia-te cada vez mais nervoso, o que me estava a pôr nervosa também e por isso deu-me uma vontade enorme de te abraçar. Abracei. Os nossos corpos encostaram-se, comecei por sentir o teu perfume, por tocar na tua pele. Arrepiei-me. Sentia-me protegida daquele medo que estava a sentir, não sei bem ao certo do que era. Senti as tuas lágrimas: fiquei com um nó na garganta, não tive reacção e as tuas palavras sufocaram-me. Doeu-me tanto ver-te daquela maneira. Acabei por ficar com mais medo, mas ergui a cabeça, evitando olhar para ti, e tentei falar novamente. Tornava-se mais difícil. Acabei por dizer tudo e no fim, fez-se silencio. Acabamos olhando olhos nos olhos, sabia perfeitamente o que me querias dizer, o que querias fazer e por isso desviei o olhar. Quando me ia para ir embora, olhei novamente para ti, durante um curtinho tempo, e fixei-te uma ultima vez os olhos, tentei expressar-me pelo o olhar e perguntei-te se te podia abraçar, dizes-te que sim...Ao mesmo tempo, sussurraste-me ao ouvido "Eu amo-te, não te quero perder", enquanto me encostavas a ti, com ainda mais força e aí não aguentei...As lágrimas derramara-se, senti-me fraca, e nesse momento, vieram-me imagens à cabeça de momentos que passamos e promessas que fizemos. Não te quis largar...e sabes porquê? Porque naquele momento, eu senti a pessoa que mais amei até então, a pessoa que conheci à sete anos atrás, olhei-te nos olhos e vi o quanto brilhavam. Estavas ali, comigo, a proteger-me, a lutar por mim. A amar-me. Já não eras aquele rapaz frio e que me magoava. Senti-me bem, protegida e por momentos até me perguntei "Porque demoraste tanto?". O meu menino estava ali, comigo. Que saudades que eu tinha tuas, que bem que me fazias, é pena não voltares. 

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